17.3.10

KOKUSYOKO SUMIRE - Museu do Oriente - 1 de Maio

1 Maio
KOKUSYOKO SUMIRE
Auditório
21.30

Kokusyoku Sumire é um duo japonês de sonoridade e estética únicas. Yuka (soprano, acordeão, piano) e Sachi (violino, piano) transportam-nos através da sua música, fazendo-nos recuar no tempo até ao início do século XX. Um duo a ouvir e ver, obrigatoriamente, nem que seja uma vez na vida.

Opereta, música cigana, cabaret, balada japonesa, J-pop ou visual-kei? As Kokusyoku Sumire (Violeta Negra) apresentam um espectáculo que mistura um pouco de todos os estilos. Sumptuosamente vestidas, com penteados extravagantes, as duas ninfas góticas produzem sons oníricos que evocam Alice no País das Maravilhas em que a festa do chá inclui não só a Lebre de Março mas também o Pierrot de Au clair de la lune.

Yuka transmite uma energia ponderosa. Sachi é uma musa, uma Lolita gótica japonesa que faz furor junto das jovens europeias. A propensão para as histórias de fadas, lendas e contos de terror é o elo que as une. O duo, porém, não é fácil de definir. Yuka e Sachi tanto falam da devastação das almas apaixonadas da tradição popular japonesa para, logo a seguir, passarem para uma versão improvável da Carmen ou para uma marcha militar do princípio do século passado. Os seus trajes coloridos são como que um prolongamento do som: por vezes Little Red Riding Hood, outros Marie-Antoinette e, se for caso disso, o quimono. Magia é com elas e o público deixa-se levar pelo encantamento à semelhança de crianças curiosas a abrirem uma caixa de música ou uma arca de tesouro.

As Kokusyoku Sumire seguem a tradição iniciada pelos primeiros compositors/exploradores japoneses como Rentaro Taki or Kosaku Yamada que partiram para a Europa no final do século XIX, regressando ao Japão com a música clássica modernista. Uma vez adaptada à cena japonesa, esta música perde alguma superlatividade e torna-se mais familiar, mantendo, simultaneamente, um tom exótico. Yuka e Sachi, com essa ambiguidade, produzem sonoridades deliciosamente retro tanto para ouvidos japoenses como europeus.

As duas violetas negras parecem seguir o mesmo ascetismo do vestuário associado ao movimento lolita gótica. Estes são muitas vezes resultado da adaptação japonesa da moda europeia de outros tempos: saias em balão, aventais e rendas, violetas, chapéuzinhos e toucados… Há uma relação óbvia entre este novo estilo e a sua música e facilmente conseguimos perceber porque é que as jovens japonesas aderiram aos círculos lolita gótica.

Não pretendemos, contudo, reduzir o movimento a uma moda de adoloscentes. Tim Burton, quando está em Tóquio, acorre muitas vezes aos concertos das Kokusyoku Sumire e a verdade é que parece haver  um entendimento criativo entre ele e Yuka e Sachi. Isso tem, sem dúvida, muito a ver com o gosto que os três partilham pelo universo misterioso dos contos de fadas e as histórias misteriosas da beleza gótica.

Preço: € 15,00
M/6
Duração: 70’, sem intervalo